O objetivo desta pesquisa é investigar e discutir como a saúde mapuche aborda as condições de saúde que a fonoaudiologia classifica como transtornos da comunicação a partir de uma abordagem teórico-epistemológica que contempla a formação dos agentes de saúde, o processo diagnóstico, o sistema de cuidado próprio e intercultural e o tratamento de patologias da voz, audição, deglutição, linguagem e cognição. Por meio de um delineamento teórico-metodológico baseado na teoria fundamentada, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com seis agentes de saúde mapuche, sendo quatro machi, um lawentuchefe e um peumantufe. Como resultado, obtêm-se três categorias de análise: kizukutrán (relacionado ao processo de formação do agente de saúde), kutrán (relacionado a patologias, transtornos, seu diagnóstico e tratamento) e sistema de saúde (relacionado às diferenças e relações entre o sistema de saúde mapuche e não mapuche). Os curandeiros mapuche utilizam plantas medicinais, rituais e recursos terapêuticos próprios para tratar patologias na área da fonoaudiologia e que são utilizados de forma independente ou em conjunto com a saúde médica oficial. Discutem-se as diferenças e coincidências da abordagem da saúde mapuche às patologias na área da fonoaudiologia, bem como os desafios da profissão para realizar práticas terapêuticas interculturais respeitosas e éticas.