Reflexões sobre concepções de corpo no atuar fonoaudiológico e os desafios da epistemologia Crip

Autores

  • Gloria Isabel Bermúdez Jaimes Universidad Distrital Francisco José de Caldas

Resumo

O artigo traz uma crítica à relação verdade-conhecimento-poder que fundamenta as noções do corpo normativo configuradas pelo conhecimento médico desde a modernidade e que se mantém ainda no presente graças ao atuar de profissões como a fonoaudiologia. Desde esta perspectiva, localiza-se a profissão da fonoaudiologia como fonte produtora e reprodutora das noções do corpo normativo sob lógicas binárias relacionadas com dualismos como a relação saúde\doença, funcionalidade\disfuncionalidade, e capacidade\incapacidade. A partir disso, descreve-se a epistemologia Crip como uma nova proposta crítica de resistência ao bio-conhecimento médico que configurou estes dualismos e que tem mantido formas de poder e visão da vida na qual as pessoas com incapacidade ficam atrapalhadas, excluídas e relegadas. Conclui-se que, da mesma forma que no final do século XX o modelo social da incapacidade trouxe novos desafios epistemológicos e éticos para o atuar da sociedade com relação na maneira em que se respondia politicamente à incapacidade, hoje em dia, através da sugestiva proposta da epistemologia Crip, novamente os movimentos sociais da incapacidade confrontam ao conhecimento médico e às profissões que se localizam desde esse lugar, para reconsiderar a maneira em que constroem, validam e generalizam o conhecimento sobre a incapacidade. Assumir este desafio derivará em transformações sobre o atuar fonoaudiológico que acarretam pensar num atuar, não sobre o corpo, senão desde os corpos, para construir um conhecimento situado desde um sujeito encarnado e capaz de se desencaixar do bio-conhecimento tradicional, eurocêntrico, anglofalante e hegemónico.

Palavras-chave:

Fonoaudiología, Epistemologia Crip, Capacitismo, Estudosde incapacidade